segunda-feira, 15 de junho de 2009

Reflexões que constróem meu trabalho

As atitudes e cenas mais bonitas ou cruéis que eu fiz, ninguém viu. Sou a única platéia do teatro de minha vida.

Sou o expectador da minha dor. E ainda assim ás vezes, ela me parece falsa.


O teatro não pode ter preconceitos. Para uma cena ser feita, tem de ser experimentadas todas as possibilidades possiveis e impossiveis, sem pudores hipócritas.

Não existe religião no teatro e sim, a religião do teatro.

Igualdade!!!!!!!!!
Besteira!!!!!!!!!!!
Não existe igualdade! Imaginem que mundo chato todos iguais. Todos medianos. Nenhuma genialidade. Viva a desigualdade!!!!!!!!

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Sou um

"Sou um só, mas ainda assim sou um. Não posso fazer tudo, mas posso fazer alguma coisa. E, por não poder fazer tudo, não me recusarei a fazer o pouco que posso." (Edward Everett Hale)

quarta-feira, 22 de abril de 2009

filmes que não se esquecem!!!!!!!!!!!!!!

Freaks





clube da luta



Clockwork Orange


Salo 120 días de Sodoma

cantos artaudianos

sábado, 18 de abril de 2009

Teatro da Crueldade

Teatro da crueldade
Antonin Artaud (1896 1948) foi considerado um louco visionário do teatro surrealista, que apesar de ter morrido sem ver muito suas teorias realizadas na pratica, influenciou vários teatrólogos que o sucederam, entre eles, Jerzy Grotowski, cujas teorias deram origem ao Teatro Pobre e Peter Brook. Ate o surgimento do mito Artaud, eram considerados pilares de sustentação teatral, o russo Stanislavski e o alemao Brecht, que propuseram formas diferenciadas de atuar. Já o frances Artaud possuía grandes pretensões a respeito de sua arte. Junto com Roger Aron, foi um dos primeiros diretores surrealistas, com a proposta de contestar o teatro naturalista, principalmente o frances, que se mostrava muito retórico e paradigmatico. Artaud pregava o uso de elementos mágicos que hipnotizassem o espectador, sem que fosse necessária a utilização de diálogos. Antonin Artaud os personagens, e sim muita musica, danças, gritos, sombras, iluminação forte e expressão corporal, que comunicariam ao publico a mensagem, reproduzindo no palco os sonhos e os mistérios da alma humana. Artaud era incisivo ao abordar suas concepções teatrais: O teatro e igual a peste porque, como ela, e a manifestação, a exteriorização de um fundo de crueldade latente pelo qual se localizam num individuo ou numa população todas as maldosas possibilidades da alma. Assim, surgiu o nome de sua teoria, o Teatro da Crueldade, que sofreu grande influencia do teatro oriental, principalmente o balinês. Em seu livro O Teatro e Seu Duplo, o teatrólogo reafirma seu descontentamento com o teatro europeu, denunciando a perda do caráter primitivo do teatro como cerimônia, avaliando o teatro oriental como original, ressaltando que esse manteve seu aspecto cultural milenar, sem interferência, constituído pelos temas religiosos e místicos, numa confraria que propõe principalmente saudar o desconhecido e constituir um universo ingênuo que não busque a explicação e a psicologia, como no teatro ocidental, e sim uma perspectiva pessoal a respeito do mundo. O que incomodava fortemente o teatrólogo era a exposição da arte relativa à comercialização, onde os atores e os diretores seguiam fielmente um texto a fim de conseguir uma perfeita equação, que segundo Artaud era antipoetico e um teatro de invertidos comerciantes. Artaud criticava abertamente a expressão corporal subordinada ao texto, pois achava ser inútil os músculos se movimentarem em detrimento da emoção superficial, de maneira sistemática, como mascaras gregas, procurando fazer o mais fácil, que e imitar, reproduzir sem maiores resoluções o tema abordado e sua subjetividade sem buscar um aprofundamento maior. Tudo em prol do superficial, do rápido, do fácil e do lucrativo. Hoje reconhecido como um profeta do teatro, Artaud deflagrou a Indústria Cultural no teatro, alem de questionar o teatro discursivo. Porem, esse reconhecimento só veio apos a sua morte. Em vida, Artaud nao conseguiu por em pratica grande parte de suas teorias, pretensiosas demais para a época e muito paradoxal. Porem, como ensaio serviu para dar outro panorama a arte dramática, permitindo assim que se abrisse um paralelo, uma porta que serve como alternativa, como ritual de confrontação para as técnicas clássicas, que mantinham normas milenares sem nenhuma contestação. Artaud como um dos percursores do Surrealismo, pode inserir esse gênero na arte dramática, alem de sugerir maior inovação e arrojo nas obras de arte, seja ela pintura, arquitetura, dança, composição, musica, etc. Antes mesmo da segunda guerra o mundo estava muito dividido em relação ao comunismo e, por outro lado, a sombra do fascismo pairava sobre a Europa. A Escola de Frankfurt, que tinha em Walter Benjamin (1892 1940), seu principal e mais radical teórico, foi responsável por combater a chamada Indústria Cultural, buscando impor antes, durante e depois da Segunda Guerra, as suas teorias marxistas, tendo como objeto de estudo a arte de países capitalistas, que e encarada como produto. Alem de Benjamin, outros três grandes teóricos se destacaram: Max Horkheimer (1895 1973), Theodor Adorno (1903 1969) e Jrge Habermans (1929 - ), que elaboraram, primeiramente durante a crise alemã, indigestas teorias a respeito da manipulação da comunicação na Europa, principalmente na Alemanha, onde o nazismo conquistava cada vez mais votos contra os comunistas. Os quatro foram caçados pela Gestapo (policia alemã), o que culminou no suicídio de Walter Benjamin em 1940. Por ser da mesma época e viver os mesmos ares de uma Europa em crise, Artaud com certeza sofreu grandes influencias da Escola de Frankfurt, de forma que algumas de suas teorias se aproximam bastante ao que propôs Benjamin. Esse teórico era contra a utilização desenfreada da arte em prol da capitalização, o que, segundo ele, desgastava a importância da obra. Adorno, apesar de também criticar, buscou ver o lado positivo da comercialização da arte, alegando que a divulgação estreita os laços da obra artística com a sociedade. Porem Adorno rechaça a utilização da obra como um bem particular, afirmando que tal prestigio impede que toda a sociedade manifeste interesse por uma obra. Hockheimer concorda e alega que as diferenças sociais impedem que o publico se aproxime de uma obra original e sim de copias e criações voltadas para o faturamento de riquezas, transformando a cultura em um bom produto para venda, manipuladas pelo marketing, subordinado a moda vigente, com uma demanda limitada do publico mais rico. Segundo manifesto do teatro da crueldade, de Antonin Artaud "Admitido ou não admitido, consciente ou inconsciente, o estado poético, um estado transcendente de vida, no fundo é aquilo que o público procura através do amor, do crime, das drogas, da guerra ou da insurreio. O Teatro da Crueldade foi criado para devolver ao teatro a noção de uma vida apaixonada e convulsa; e neste sentido de rigor violento, de condensão extrema dos elementos cínicos, que se deve entender a crueldade sobre a qual ele pretende se apoiar. Esta crueldade, tem que ser, quando necessária, sangrenta.O Teatro da Crueldade escolhe assuntos e temas que correspondam a agitação e inquietude característica de nossa época.

Antonin Artaud

Não quero que ninguém ignore meus gritos de dor, e quero que eles sejam ouvidos.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Á aqueles que atravancam meu caminho...
Morri!

Com grande pesar anuncio, que ás 16:09 do dia 22 de novembro de 2008, faleceu num lindo sábado de sol, a Humanidade. Ela que há alguns séculos não conseguia caminhar e ficava com os braços juntos ao corpo durante a maior parte do tempo, constantemente vinha reclamando de dores no peito. O fato derradeiro, foi uma briga de “guardadores de automóveis” ou como outras pessoas preferem se referir, “flanelinhas”, onde um deles foi atingido na cabeça por duas pedradas, de onde não parava de sair sangue, chegando a sua face, cobrindo levemente seus olhos. Com a cabeça escorrendo sangue, foi dirigindo-se a rua dos Cataventos da Casa de Cultura Mário Quintana, que é lugar conhecido por sua fantástica torta de limão, acompanhado de elaborados cafés e grande pólo cultural, freqüentado por grandes intelectuais e pessoas cultas da sociedade gaúcha. Após ser atingido na cabeça, “ninguém” (vamos chamar ele assim já que não sei seu nome e acredito que nenhum dos seres de bem que estavam observando esse evento bizarro, também saberiam dizer seu nome) começou a gritar com o guardador que o atingiu, que foi atravessando calmamente a rua dos cataventos rindo, calmo, como se nada tivesse acontecido, sem ninguém (agora não falo do nosso personagem, e sim no sentido de sujeito inexistente), impedi-lo ou interpelá-lo ao menos. Após, ninguém (agora sim nosso personagem) começou a brigar com Deus ou consigo. Pensando melhor, acredito que não foi com Deus nem consigo mesmo a 1ª briga, e sim, com os intelectuais, visto que ninguém (agora falo ninguém, enquanto indivíduos do grupo de intelectuais) entendeu o que estava acontecendo e sendo reclamado, já que não havia sido pedido um minuto de suas atenções formalmente por escrito e em três vias. Ninguém (nosso personagem central) não havia compreendido que seus lamentos, indignações e tormentos não poderiam ser entendidos pelos intelectuais, pois ninguém e os intelectuais vivem em mundos completamente diferentes. Só depois que percebeu essa incomunicabilidade, ninguém começou a praguejar consigo mesmo, por ter feito essas pessoas distintas da sociedade, terem visto algo tão grotesco quanto ele. Rastejando ensangüentado em frente á sala Norberto Lubisco, foi parado por dois seguranças (terceirizados) que foram o interrogar sobre quais eram as suas reais intenções com aquilo que era para os guardas, uma grande encenação. Cada um pegou um braço e uma perna e tocaram-no no calçadão da Andradas. Uma velhinha vendo tudo aquilo, foi se aproximando e ninguém achou que ela ia ajudá-lo. Ela tirou uma nota de dez reais da bolsa, não sem olhar para os lados antes, e entregou, ou melhor, jogou sobre ninguém, mandando-o levantar-se e ir para um hospital. Nesse momento, nesse exato momento, ninguém praguejou contra Deus, pois fora ele, Deus, que numa brincadeira cruel, sugeriu que ela, a Humanidade, se transformasse em menor de idade, negro, aparentemente drogado ou seja um ninguém, defendendo o interesse dos outros, para ela entender que ela já estava morta e não sabia. Não acontecerão cerimônias, nem honrarias, e ela será enterrada em uma cova rasa como indigente, pois ela morreu sem que ninguém a reconhecesse, sem um abraço, sem uma lamentação, com a última frase que deveria ser de conforto em sua direção, sendo uma exclamação: “Aí nesse corpo não deve ter existido um pingo de humanidade sequer!”

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Endereços de trabalhos:
0melete, curta-metragem







3 efes, longa-metragem



Textos que estão na internet e traduzem principios que acredito

A dramaturgia + O ator

Na montagem de um espetáculo de teatro, ator e texto precisam estar numa perfeita sintonia para que a apresentação saia a contento, não é mesmo? Digamos que um bom ator acompanhado de um bom texto é como arroz com feijão, a combinação perfeita. E para que isso aconteça é preciso um envolvimento completo.

Quando um ator conhece como funciona a estrutura dramática de um texto, desde a sua concepção até o seu ponto final, o trabalho acaba sendo facilitado e a compreensão de como o autor quis contar a história, torna a concepção geral do espetáculo bem mais clara.

Do outro lado, creio que quando um autor conhece a carpintaria cênica, além do conhecimento técnico de uma estrutura dramática, aliada a sua criatividade, acaba escrevendo um texto que torna mais fácil o trabalho do ator, por isso, entendo que conhecer o processo de criação do ator, faz com que o dramaturgo escreva muito mais que simples palavras no papel.

A dramaturgia e o ator são partes de uma parceria, que quanto mais perfeita, mais sincronizada, melhor é o resultado final de um espetáculo. Há atores que não conhecem a estrutura dramática de um texto e acabam não explorando tudo o que o autor quis passar. Por outro lado, há autores que não conhecem o universo do teatro e acabam se aventurando, produzindo textos rasos, com falhas de carpintaria e de estrutura, tanto dramática, como cênica.

Quanto mais um ator conhecer o universo de um dramaturgo e vice-versa, melhor se chegará a um bom resultado. Não que seja necessário que cada qual viva na pele a função do outro, muito embora existam aqueles que têm competência para fazer os dois papéis.

O mais importante mesmo, é deixar claro que um espetáculo de teatro vai muito além do que a apresentação em um palco. É algo que começa nos textos de um dramaturgo, passa pelas mãos de um diretor e acaba nos palcos nas ações de um ator. E quanto mais sintonia houver entre todos, melhor para o resultado final.

Brecht

14 de agosto de 2009, será o 53º aniversário de morte de Bertolt Brecht. Um poema de um homem que fez teatro e pelo teatro se entregou a busca de compreender os fenômenos à sua volta. O poema é dedicado aos que viriam ao mundo depois da vinda de seu autor. Eis o poema, chamado "Aos pósteros":

I

Realmente vivo em tempos sombrios.
A palavra ingênua é tola. Uma fronte lisa
Indica insensibilidade. Aquele que ri

Ainda não recebeu

A terrível notícia.

Uma conversa sobre árvores é quase um crime
Por que inclui um silêncio sobre tantos delitos?
Aquele que vai pela rua tranqüilo
Não é mais acessível aos amigos
Que estão em necessidade?

É verdade: ainda ganho o meu sustento
Mas acreditem: é por acaso. Nada
do que faço autoriza que eu me sacie.
Casualmente fui poupado. (Quando minha sorte acabar
Estou perdido.)
Dizem-me coma! beba! fique feliz por ter o quê!

Mas como posso comer e beber se
Tiro ao faminto o que comer e
Meu copo d'água falta a quem tem sede?
No entanto, como e bebo.

Gostaria também de ser sábio.
O que é sábio está nos velhos livros:
Afastar-me da briga do mundo e passar
Sem medo a curta temporada
Sobreviver sem violência
Pagar o mal com o bem

Não realizar os desejos, mas esquecê-los
É tido por sábio.
Nada disso eu posso:
Realmente, vivo em tempos sombrios!

II

Cheguei às cidades no tempo da desordem
Quando aí reinava a fome
Cheguei-me aos homens no tempo do tumulto
E indignei-me com eles.

Assim passou o tempo
Que me foi dado sobre a terra.

Comi minha comida entre as batalhas
Deitei-me para dormir entre os assassinos
Tratei do amor sem atenção
E vi a natureza sem paciência.

Assim passou o tempo
Que me foi dado sobre a terra.

No meu tempo os caminhos levavam ao pântano.
Minha linguagem denunciava-me ao carrasco.
Só pude pouca coisa. Mas esperava que sem mim
Os dominadores se sentassem mais seguros.

Assim passou o tempo
Que me foi dado sobre a terra.

As forças eram escassas. O alvo
Ficava a grande distância.
Era bem visível, embora
Eu mal pudesse alcança-lo.

Assim passou o tempo
Que me foi dado sobre a terra.

III

Vocês, que emergirão da maré
Onde nós soçobramos
Pensem
Ao falarem das nossas fraquezas
Nos tempos sombrios
De que escaparam.
Pois nós, desesperados, trocando mais de países
Que de sapatos, atravessamos as guerras de classes quando
Só havia injustiça e nenhuma revolta.
No entanto sabemos:
Também o ódio contra a baixeza
Contorce os traços.
Também a cólera contra a injustiça
Deixa a voz rouca. Ah, nós
Que quisemos preparar o chão para a amabilidade
Nós próprios não pudemos ser amáveis
mas vocês, quando tiver chegado a hora
Do homem ajudar o homem
Pensem em nós
Com indulgência.